domingo, 7 de setembro de 2014

Paulinho da Viola e os 50 anos de carreira

Cinquenta anos de muito samba e chorinho. Portelense doente, o carioca Paulinho da Viola cresceu em um ambiente musical. Por influência do pai, César Faria - um dos principais violinistas brasileiros e um dos fundadores do Conjunto Época de Ouro -, Paulinho conviveu com grandes figuras da música nacional, como Pixinguinha e Jacob do Bandolim.

Para relembrar as cinco décadas de carreira, o cantor preparou algumas comemorações. Ontem, em um show com ingressos esgotados no Vivo Rio, Paulinho iniciou uma nova turnê, que reúne clássicos, como "Canção para Maria", "Pecado Capital" e "Sinal Fechado, e canções inéditas, como "Bloco de Amor". Além da turnê, os fãs poderão conhecer melhor sobre a carreira e a vida do compositor, por meio de um site. Ainda sem data de lançamento, o portal reunirá um acervo com fotos de Paulinho.


As escolas de samba

O Carnaval esteve presente na vida de Paulinho desde a adolescência. Quando ia visitar a tia Trindade, em Vila Valqueire, zona oeste do Rio de Janeiro, o sambista organizava o bloco Foliões da Rua Anália Franco, para representar a rua onde a tia morava. Ao ver esses desfiles, a União de Jacarepaguá, que estava crescendo entre as décadas de 1950 e 1960, enviou o primeiro convite a Paulinho. Desde então, ele não saiu mais das quadras das agremiações.

Aos 19 anos, escreveu o primeiro samba, "Poder de Ilusão", para a União de Jacarepaguá. E foi durante esse período que surgiu, oficialmente, o nome "Paulinho da Viola". Durante a gravação do disco "Roda de Samba", em 1965, o cantor Zé Ketti "batizou" Paulo César Batista Faria com o nome artístico que leva até hoje.

Neste mesmo ano, o sambista compôs a primeira música em parceria: a "Duvide-o-dó", com Isaurinha Garcia, e, após um encontro com o poeta Hermínio Bello de Carvalho, ele conviveu com renomados cantores de samba da década de 1950 e 1960, como Cartola e Elton Medeiros.

Um ano antes de gravar o disco "Roda de Samba", o compositor começava o longo relacionamento com a Portela. Em 1966, ele já entraria para a história portelense. Naquele ano, a azul e branco foi campeã com o samba enredo "Memórias de um Sargento de Mílicias", escrito por Paulinho, e homônimo ao livro escrito no século XIX, por Manuel Antônio de Almeida. Em 1966, o sambista conquistou também o terceiro lugar no Festival de Música da TV Record, um dos principais daquele período, com a música "Canção para Maria", escrita em parceria com Capinam.

A relação entre Paulinho e a escola de Madureira correu o risco de ser estremecida em 1968, quando ele escreveu um samba que exaltava a Mangueira, a maior rival da Portela. Interpretada pela cantora Elza Soares, "Sei lá Mangueira" concorreu ao terceiro Festival de Música da TV Record, um dos principais daquele período. Apesar disso, Paulinho continuou aceito na agremiação azul e branco.

O passado no presente

Aos 70 anos de idade, Paulinho ainda conquista o ambiente do samba brasileiro. Entre os últimos trabalhos de sucesso, estão o espetáculo "Bebadosamba", em 1997, e o disco "Sinal Aberto", dois anos depois, em parceria com Toquinho.

Durante esses 50 anos de carreira, o sambista recebeu críticas de que sua obra era uma relação entre modernidade e tradição. E essa análise pode ser confirmada em uma das frases que Paulinho da Viola costuma repetir: "Não vivo do passado, o passado vive em mim".

4 comentários:

  1. Paulinho é um patrimônio da Música Popular Brasileira.
    Uma lenda viva que merece todas as homenagens.

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    1. Com certeza! Paulinho é um dos grandes nomes do samba.

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