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Como nas décadas de 1960 e 1970, uma apresentação reuniu um dos mais antigos grupos de bossa nova com um dos principais cantores de MPB. Parecia um sonho para os saudosistas, mas a cena voltou aos palcos brasileiros no fim da década de 1990. A banda Os Cariocas e Milton Nascimento estavam ali, diante de milhares de pessoas no Canecão, uma das principais casas de shows da cidade. Mas a cena mais emocionante estava em paralelo, ali no palco: um fã estava diante de grandes nomes da música brasileira.
Este foi um dos primeiros shows de Neil Carlos com o grupo. Desde 1995 no quarteto vocal, o contrabaixista já teve uma experiência de peso assim que entrou na banda, na gravação do primeiro disco. Na ocasião, Os Cariocas chamaram Tim Maia para participar do álbum. "Apesar da fama de 'briguento', ele reverenciava o grupo, tamanha era a importância de Os Cariocas para o cenário musical brasileiro. Foi a partir disso que eu percebi que o grupo tinha respeito", analisa Neil, que também já gravou com outros ídolos, como Erasmo Carlos, Chico Buarque e Sivuca.
Começo na música
O pontapé inicial da entrada de Neil no mundo da música foi dado pela mãe. Quando ele tinha 11 anos, ela o matriculou em um Conservatório de Música, em Bonsucesso. Tímido, o jovem aprendeu, durante esse período, a tocar no violão canções de Chico e Caetano. Por ter aulas de segunda a sexta-feira no colégio, Neil não gostou de saber que as aulas seriam aos sábados. Mas a vontade de aprender o instrumento falou mais alto."Além do professor particular, aprendi violão com aquelas revistas de música. Foi de uma forma bem amadora, sem um estudo profundo", admite o cantor.
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Neil ensina música às crianças |
Após esse período, ele resolveu seguir a carreira dos pais: a Química. Neil chegou a estudar Química Industrial na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mas a distância entre Del Castilho, onde morava, e a Ilha do Fundão tornou-se um problema para o jovem. Após uma reclassificação, no início da década de 1990, ele começou a cursar Engenharia Química, na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Quando entrou na UERJ, Neil já era formado na Escola Técnica Federal de Química (ETFQ-RJ), em 1989.
Em meio aos cálculos e números das disciplinas da faculdade, a música continuou presente na vida de Neil. Na ETFQ, ele e os amigos montaram inúmeras bandas, que tocavam canções de bandas de sucesso da época, como Ultraje a Rigor, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana. "Mas não eram minhas bandas favoritas, como as de MPB. Era mais para um grupo cover de rock", destaca o artista, que aprendeu, sozinho, a tocar baixo nesse mesmo período.
Dedicação total
Em 1992, depois de sofrer um grave acidente de carro, Neil decidiu largar a Engenharia Química. E um ano depois, ele começou a cursar Música, na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). "Já ouvi muitas histórias, de que quando você passa por uma coisa muito grave, às vezes você toma decisões que não tinha coragem. Tomar uma decisão dessa é difícil", analisa o artista.
No mesmo ano em que passou para a Unirio, o contrabaixista começou a participar de bandas de baile, que reúne, na maioria das vezes, um público da terceira idade. Nestas apresentações, os artistas costumavam tocar bolero e samba. O convite para participar das orquestras veio de um amigo, que estudava com Neil no Centro Ian Guest de Aperfeiçoamento Musical (Cigam), no Centro.
O cantor continuou nas orquestras de baile até 1998. Durante este período, ele se apresentava com a banda em diversos lugares do país, como São Paulo e Minas Gerais. Em paralelo, Neil também participou de alguns grupos de música instrumental, que tocavam em bares da cidade. Ainda nas aulas do Cigam, ele participava de um coral, e depois montou um grupo vocal com um homem e duas mulheres. "Eu nem me achava um dos melhores do coral, e fiquei todo orgulhoso quando me chamaram. E sempre gostei de cantar em coro, na Unirio já era assim", explica.
Uma das meninas do quarteto era ex-mulher de Eloi Vicente, que na época tocava baixo na banda Os Cariocas. E um dia ela informou ao Neil de que um grupo vocal de bossa nova procurava um integrante que soubesse tocar violão. Interessado em participar do conjunto, Neil começou a pesquisar sobre a história da banda. Entre 1995 e 1998, o artista conciliou a carreira em Os Cariocas e na orquestra de baile. Apesar disso, ele afirma que a rotina não era pesada. "O artista tem muito ócio durante a carreira. Não ensaia todos os dias", argumenta.
Entrada nas salas de aula
Ao se dedicar somente à música, Neil percebeu que era uma área instável, e ele explica que não queria se apresentar em bandas de baile durante toda a vida. "Eu admiro muito os meus amigos que têm filho e só tocam. Eu não tenho cabeça para aguentar essa corda bamba. Eu sou preocupado o suficiente para não aguentar essa situação. Muita gente consegue fazer isso e se dá bem. Mas é o risco que se corre", afirma o cantor, que é pai de Heitor, de 10 anos.
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Neil durante as aulas de música |
Foi a partir disso que o artista resolveu se inscrever para o concurso de professor de música no município do Rio de Janeiro, em 1999. Quase quatro anos depois, ele entrou, pela primeira vez, em uma sala de aula como professor. O primeiro local de trabalho foi a Escola Municipal Uruguai, na Mangueira.
Em 2004, Neil começou a trabalhar na Escola Municipal General Mitre, em Santo Cristo. Dois anos depois, a diretora Alécia Almeida o levou para dar algumas aulas de música na Escola Municipal Benjamin Constant, também em Santo Cristo. Alécia conta que, na época, o chamou para organizar um grupo de alunos que iria participar do Festival da Canção das Escolas Municipais (Fecem). "Ele acompanhou e os estudantes foram campeões da Primeira Coordenadoria (1ªCRE)", detalha.
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Alécia, diretora da E.M. Benjamin Constant, e Neil |
No mesmo ano da conquista do primeiro prêmio de música do colégio, Neil conseguiu transferência de uma das matrículas para a escola. Entre as nove edições do Fecem, a Benjamin Constant ganhou três vezes: em 2006, 2008 e 2013. Para Alécia, ao participar dos festivais, das oficinas e aulas de música, os alunos melhoraram no desempenho escolar. "A autoestima dos estudantes também aumenta, pois eles passam a se valorizar mais", elogia.
Bom relacionamento com todos
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Mônica Filgueira e Neil |
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Glória Arouca e Neil |
Além de levar a experiência como contrabaixista do grupo Os Cariocas, Neil também conquistou um bom relacionamento entre os alunos e os funcionários da escola. Professora de Educação Física, Glória Arouca destaca que a principal caracaterística no convívio com ele é o respeito. "Há também confiança naquilo que ele tem como base do trabalho, que é levar a música ao cotidiano das crianças", afirma Glória, que já conhecia a banda de bossa nova, por meio da família.
Já Mônica Filgueira, professora de Ensino Fundamental do colégio, ressalta que Neil transmite tranquilidade e segurança durante as aulas. "Ele sempre diz que aprendeu com a gente a ministrar aulas, mas o que ele não sabe é que ele nos ensina com sua dedicação, simplicidade e humildade".
Realmente o trabalho do professor Neil Carlos é merecedor desse belo registro. É um prazer conviver com o músico e principalmente o ser humano.
ResponderExcluirCom certeza, Glória!
ExcluirCom sua dedicação e humildade vai conquistando os alunos e os colegas. Parabéns professor Neil pela pessoa que você é.
ResponderExcluirConcordo, Mônica. Neil é muito gentil e humilde mesmo!
ExcluirUm belo ser humano : dignidade, respeito e uma bela forma de comunicação
ResponderExcluirParabéns Neil!
Sem dúvidas, Arminda! Obrigada pelo comentário!
ExcluirParabéns, através da música trazer nossos jovens para o convívio social
ResponderExcluirNossos jovens precisam de mais aulas assim!
ExcluirA música ajuda bastante os alunos. Muito bom o blog!
ResponderExcluirObrigada! A música é capaz de transformar vidas!
ExcluirParabéns, Neil! Excelente o blog da Gabriela Mattos.
ResponderExcluirObrigada! Espero que volte mais vezes!
ExcluirParabéns pela matéria!!! Ficou muito boa!
ResponderExcluirObrigada! Espero que volte outras vezes!
ExcluirMuito boa a matéria e a história, parabéns!!
ResponderExcluirObrigada, Ju!
Excluirparabéns pela matéria!
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