quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Jovem e experiente jornalista

As novas tecnologias, principalmente a internet, revolucionaram diversas áreas na sociedade. E não foi diferente com o mercado da música. Para discutir os novos meios de consumo na área musical, a série "Papo de Música", da MPB FM, promoverá, amanhã (11), o debate  "Streaming, Download e Crowdfounding Parecem 'Grego' para Você?", no Espaço Furnas Cultural, às 19h. Entre os convidados, estão o cantor Leoni, e os jornalistas Zeca Camargo e Alê Yousseff.


Além das figuras conhecidas, um jovem, recém-formado em Jornalismo pela PUC-Rio, participará como mediador do evento. Mas essa não será a primeira vez que Yke Leon, de 23 anos, terá visibilidade.
Yke já havia ganhado espaço em um horário nobre da TV aberta: o jovem comandou o programa "Lado B da MPB", ao lado de seu colega de trabalho Vitor Lima, no Jornal do Rio, da TV Band, no qual ele conversava com artistas sobre histórias que eles nunca haviam divulgado antes.


Apesar de já ter conversado com diversos famosos, Yke ainda sonha em entrevistar três ídolos: Roberto Carlos, Marisa Monte e Chico Buarque. Ele, porém, não imaginava que iria trabalhar com a área musical no Jornalismo. Em paralelo com a música, o jovem mantém uma paixão com a literatura, principalmente com poesias.

Ao "Informa de Disco", o jornalista explica sobre os seis debates que serão promovidos até o fim do ano e conta como o Jornalismo entrou na sua vida.

1) Como a série "Papo de Música" é organizada?
Yke Leon: É um encontro para falar sobre música, e em cada debate ele aborda um aspecto da música. O primeiro focou em rádio, com a presença de representantes das principais rádios: FM O Dia, Paradiso, Mix, Rádio Cidade e a MPB FM. Todos os diretores das rádios se reuniram para debater sobre a programação radiofônica, sobre jabá, sobre assuntos relativos ao mundo da música no rádio. Por conceito, todo "Papo de Música" tem um mediador, os convidados, que precisam ser pessoas célebres, fundamentais naquele tema, e um artista. Nesses debates tem que ter uma pessoa da música propriamente dita, mas que tenha muito a ver com aquele tema. No primeiro, por exemplo, foi o Jorge Vercillo, porque quando ele começou a carreira, ele ia de rádio em rádio com o CD dele, para pedir que as rádios divulgassem o trabalho dele. E o Vercillo também ouve muito rádio, ele pensa muito em rádio. Já o Leoni é muito ligado ao mundo digital, ele dá palestras sobre isso. Ele mesmo organizou o crowdfunding dele. O Leoni vai ser a visão do artista sobre essa nova realidade. 
Yke e Adriana Calcanhotto, na MPB FM

2) De que forma vocês falarão sobre os novos meios de consumo da música?
Yke: A ideia é abordar esse tema pensando no usuário mesmo. Antes, a pessoa consumia música em um show do artista que ela gostava, ou comprando um LP, um CD. Hoje, esse leque se ampliou absurdamente. Ela pode comprar um CD, ou ir no camelô e comprar a mesma coisa, só que pirata. Ela pode ainda comprar a música que ela gosta, e não mais o CD, pelo iTunes, por exemplo. A pessoa ainda tem a possibilidade de assinar um serviço por streaming, ou ouvir a música pelo Youtube e compartilhar no Twitter a música que ela gostou. A indústria da música, que era bem cartesiana, onde alguém produzia e outro comprava, se ampliou de uma maneira incontrolável. Você não conseguiu prever o avanço da indústria da música. Essas novas formas de se consumir música fez que toda a indústria, de certa maneira, ruísse. Quanto mais se sofistica a interação do usuário com a tecnologia, mais se sofistica a relação dele com a música. Queremos debater isso.

3) Como você analisa a relação do consumidor com a música hoje?
Yke: Ele era exatamente um instrumento do consumo, e agora ele é um participante ativo da indústria. Se ele quiser, ele não vai dar dinheiro, e vai baixar no "piratão" mesmo.

Yke e Erasmo Carlos

4) Mas, nesse caso, como fica a questão dos direitos autorais do artista?
Yke: Sim, e esse é o debate. Mudou a ordem. É preciso repensar. Por exemplo, o iTunes foi uma maneira do Steve Jobs repensar isso: como ainda ganhar dinheiro e ainda dar direitos autorais? Antes, o artista tinha uma música de sucesso, e ele vendia um milhão de CDs, porque todo mundo queria ouvir aquela música que tocava na novela. Agora não é mais assim. A tentativa que o mercado teve foi de criar um serviço, em que o usuário pudesse comprar aquela música por R$0,99. Então, criou-se o iTunes, que foi o primeiro grande serviço organizado para tentar controlar a pirataria.


5) Como serão os próximos encontros?
Yke e Arnaldo Antunes
Yke: Normalmente, o "Papo de Música" é mensal, mas em setembro terão dois. Além do que eu vou participar, vai ter um dia 28, chamado "Farejando Novos Talentos". Neste encontro será questionado se ainda temos música boa atualmente. O outro será sobre branding musical, que são as empresas que se utilizam de música para construir sua identidade, como marketing. Já o quinto, é sobre a produção musical, ou seja, o que mudou na indústria, para a gravadora, nos últimos tempos. Antes o cantor não podia fazer um show se a gravadora não deixasse. Hoje já não é mais assim. E o último encontro é sobre música fora do eixo. Por que música fora do eixo Rio-São Paulo demora a estourar? 

6) E o seu programa "O Lado B da MPB"? Como foi produzi-lo?
Yke: A ideia do programa era muito simples: era levar as pessoas que são muito conhecidas do público, e colocá-las para falar sobre algum assunto que é uma verdade para elas, mas que, ou elas nunca falaram, ou elas não têm espaço para falar. Por exemplo, o Jorge Vercillo é viciado em ET, em energia. Uma vez por mês, ele abre a casa dele para encontros nacionais de ET. E nunca havia falado isso.

7) Como é sua relação com música? Você sempre gostou?
Yke: Sempre gostei de música brasileira. Nunca fui muito de ouvir música internacional. Pulei a fase do Usher, do hip hop. Só comecei a aceitar que gostava de Roberto Carlos na faculdade. Eu gostava, mas não dava essa importância. Na minha cabeça sempre vem a imagem da minha família cantando as músicas de Roberto, quando eu era mais novo.

Yke e Ney Matogrosso


8) Mas você sempre quis trabalhar nessa área do Jornalismo?
Yke: Não. Na verdade, nunca me imaginei trabalhando. Eu escrevi a minha vida inteira como um ofício. E como diziam que quem escreve faz Jornalismo, porque Clarice Lispector, por exemplo, trabalhou em redação, então resolvi entrar na faculdade. Eu imaginava que eu só teria um caminho na vida. Eu detestava a ideia de trabalhar com televisão, eu ouvia muito pouco de rádio. Imaginava que a minha vida seria: sentado em uma escrivaninha, escrevendo, e mandando os textos para o jornal. Longe do mundo, sem interagir com ninguém. Mas aí a vida traçou outros caminhos. Eu fiz Escola de Rádio e TV, me formei em 2010. Conheci o rádio e gostei de trabalhar com isso. Estagiei por três meses no núcleo de Rádio do Comunicar, na PUC, e fui para a MPB.

8 comentários:

  1. Yke é demais e o "Papo de Música" com certeza vai ser sucesso!

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  2. Confesso que fiquei com uma pontinha de inveja de ver esse menino ao lado de tantos ídolos da MPB.
    Muito boa a entrevista! Parabéns!
    Claramente ele terá um futuro brilhante!

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  3. Ainda existe Jornalismo de qualidade!

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  4. Ele era ex-estagiário do meu primeiro estágio... Toda vez que aparecia por lá, era uma festa. Adorei o perfil.

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